27 agosto, 2009

.cochilo.abstrato.

.móveis. lascas. caixas.
.lixos. discos. roupas.
.tampas. tralhas. livros.
.pastas. fios. navalhas.
.cremes. sacos. trecos.
.bolsas. vasos. louças.
.pêlos. cartas. laços.


.eu. vi. um. filme. que. era. assim.
.pessoas. que. se. mudavam. de. casas.
.pessoas. que. se. casavam. de. véspera.
.pessoas. que. se. vestiam. de. cascas.

.o. que. de. nós. passou.?
.será. que. eu. dormi.?

13 agosto, 2009

NEM SÓ DE PETRÓLEO VIVERÁ O HOMEM

Em meio aos petrodólares e sua fantástica fábrica da prosperidade, nem tudo são manguezais. A riqueza que vem do mar acaba dando uma identidade peculiar às cidades que sobrevivem da exploração do petróleo. A cidade não pára, a cidade só cresce, como dizia aquele poeta do recife. O dinheiro atrai todo tipo de especulação e acabamos todos espectadores de uma devastação sem tamanho e sem nominação. Existe uma cultura do medo, pautada no clientelismo, que confunde e comanda a todos nós. Peraí. Comanda a todos nós? Hoje o clima é de alforria, de provocação aos nossos instintos coletivos do dizer não ao que não queremos mais que aconteça. Pare. Repare. Mas não permaneça inerte. Intervenha. Responda ao que te incomoda com a audácia que só têm os sem saída. Pense que hoje é o grande dia. Até quando você vai dançar o baile dos royalties? Royalties baixos, casas sem esgoto. Royalties baixos, pescadores sem entreposto. Royalties baixos, saúde na fila. Vamos fazer a grande ciranda da inspiração e dizer que desse jeito não dá mais. Assistir filme juntinho é só um pretexto pra (r)evolução. Nem só de petróleo viverá o homem. Evoquemos nobres sentimentos que nos permitam, dia a dia, resistir ao determinado e reinventar os passos.

(texto produzido para o programa da 1a MosCA - Mostra de Filme Ambiental - de Rio das Ostras)

12 agosto, 2009

trapezista lunar

o que não é silêncio no indizível
o que se enxerga no escuro
como um filme mudo
o que ignora o sentido
o que se faz ao pé do ouvido
o que é sem ter sido
o que corrói os cotovelos
o que arranca os cabelos
o que enlouquece
o tamanho dos arranhacéus
o meu medo e o seu
o que nos ataca
como um mar de ressaca
o que liberta
o que devora
o que nos provoca
uma subversão

o que rompe muros
como um trapezista lunar

o que é a arte a arte é