25 agosto, 2020

ooo p o e n t e ooo

 aonde vai o olhar até horizontar-se? 


precisa ele sair das montanhas e caminhar

deixar que atravesse o sereno e as neblinas

travessia atenta, duradoura


na reta esplêndida, piscar

nada muito demorado

porque há mais caminhada


na saga dos olhos

entre suor e lágrimas

é importante brincar


abrir lentamente um

enquanto o outro, rígido

finge dormir


os olhares obedecem

alguns instintos

e outras abstrações


dizem mais que poemas

são janelas da alma

que nem mesmo vidros molduram


até horizontar-se

o olhar se perde

se acha


se perde

e acha que se achou

perdido no mar


o olhar deriva

de todas as noites

em que ficamos à deriva


esperando respostas

que olhares esguios

nunca trazem


e também se compõe

dos pequenos fragmentos

entre a noite e o dia


é do entardecer

o momento em que

o olhar poente 


é mais, é mar