26 maio, 2015

A velhice pode tudo
Pode ser prisão
Pode ser começo
Pode ser descanso
Pode ser o terço
                                                 
A velhice fode tudo 
Fode o osso
Fode a vista
Fode o prazo
Fode a moça
                                                
A velhice pede tudo
Pede calma
Pede elo
Pede dente
Pede zelo
                                               
A velhice pensa tudo
Pensa a vida
Pensa a morte
Pensa só
Pensa a sorte
                                                
A velhice muda tudo
Muda a boca
Muda a moda
Muda a pele
Muda o medo

05 maio, 2015

um poema ébrio
se solta muito mais facilmente
do lodo daquilo que são os nós

e singulariza delírios
em um só torpor
que já não dói e é bonito

ah, o poema ébrio
caricaturalmente extravagante
comedor de vírgulas e bom senso

carrega em si a palavra muda
desusada, desnuda
e não quer saber de rimas

serve-se de guardanapos
e não serve para nada
a não ser prolongar madrugadas

um poema ébrio
nunca se equivoca
nem precisa de revisão