15 janeiro, 2019

AtemporaL

eu li que o tempo escreve. eu li o que o tempo escreve. dizem que o tempo revela. eu li que o tempo evapora. eu vi que o tempo se esvai. e transforma o sentido em memória. dizem poeticamente saudade. ou deve ser coisa da idade. só. o tempo nos deixa sós. e nunca a sós nem a sóis. amargo tempo filho da puta do caralho de merda. me esqueça. o tempo nos faz esquecidos. e nunca nos esquece. dizem que a gente amadurece. nem assim, o tempo para. nos massacra al dente. pouco tempo nos resta. e perdemos tempo com asneira. agora mesmo ao invés de estudar ou ler ou escrever eu jogava um game insosso que baixei para minha filha. filhos materializam o tempo em suas pernas. preciso de tempo para ir à loja comprar vestidos para ela. os dela viraram batas.  eu li que o tempo é infindo. eu vi o que o tempo infinda. há sentido no tempo quando sentimos o tempo todo. fodam-se as rugas e os ciáticos. há dor que o tempo não cala. os sonhos vãos. os sonhos são o tempo em forma de atos. desatam do desespero a poética. há que se conversar com o tempo. e ele desnudará ponteiros. dizem que distraídos, venceremos. desconfio. eu li que o tempo acaba. eu li o que o tempo apaga.

03 janeiro, 2019

só não choro
quando chove
porque choram por mim

choram alagamentos
gotas grossas de janeiro
lágrimas em guerra

chove tanto que me seco
na dor que se evapora
em solidariedade

o barraco leve
levado pela enxurrada
sem resistência

a história molhada
de pessoas ilhadas
socialmente

se vai nas correntezas
e a senha é distribuída
pela ordem de chegada

crianças pequenas
e mães solitárias
em comunhão

a luta pela vida
retorna como tempestade
quando o sol aparece

há que se começar
de novo e de novo
em resistência



a moça da padaria
desconfia
quando cabe a ela
etiquetar o aumento
da água
da cerveja
do pão
no dia primeiro
do novo salário
mais mínimo
a moça sábia
já sabia
quando lhe coube
escolher
entre o povo e o patrão
mas perdeu
e o que o povo ditou
ela vai sofrer
no bolso
na alma
no chão

sem métrica




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