ainda não sei
e não há como saber
como vai ser quando
nos encontrarmos e nos
despedirmos
ainda é madrugada
e as respostas dormem
se constroem
de repente são desejos
e reticências
ainda não sei
e não há como saber
como vai ser quando
nos encontrarmos e nos
despedirmos
ainda é madrugada
e as respostas dormem
se constroem
de repente são desejos
e reticências
litoral não esconde chuva
é vento que avisa
é fim de brisa
e vendaval que abre
o caminho das águas
quem mora na praia
na beira, no canto
quem navega, quem anda
nessa hora e sem pranto
recolhe o santo
temporal de inverno
na costa do mar
assusta, inebria
faz de conta
que recomeça o mundo
quando vem vento
há de ser incompreensível que um poeta
dedique seus parágrafos ao amor
diante das mazelas do mundo
falar de amor em meio à morte
é desaforo pronto, inafiançável
um acordo de cavalheiros
em humanidade tão abissal
chega a ser um despropósito
uma cortina de fumaça
pra esconder nosso pior
mas que é bonitinho, é
abriu-se ao novo velho amor e
debruçou-se sobre lembranças que
nunca se apagaram da
abalada memória pra
reinventar futuro e suas
limitadas possibilidades de
mudar presente quando a
coerência não acompanha o
afeto que foi-se desgastando e
terminou sem ter fim o
dia
ainda há sol na
intermitente madrugada da
frustração e do desa
sossego violento do
vento
aonde vai o olhar até horizontar-se?
precisa ele sair das montanhas e caminhar
deixar que atravesse o sereno e as neblinas
travessia atenta, duradoura
na reta esplêndida, piscar
nada muito demorado
porque há mais caminhada
na saga dos olhos
entre suor e lágrimas
é importante brincar
abrir lentamente um
enquanto o outro, rígido
finge dormir
os olhares obedecem
alguns instintos
e outras abstrações
dizem mais que poemas
são janelas da alma
que nem mesmo vidros molduram
até horizontar-se
o olhar se perde
se acha
se perde
e acha que se achou
perdido no mar
o olhar deriva
de todas as noites
em que ficamos à deriva
esperando respostas
que olhares esguios
nunca trazem
e também se compõe
dos pequenos fragmentos
entre a noite e o dia
é do entardecer
o momento em que
o olhar poente
é mais, é mar