Mulheres não são puras, tampouco o querem ser. Mulheres que
são mães têm valentia de guerra, sem a ignorância da violência. As que não são,
têm mais paciência. Mulheres não demoram a desaprender, se preciso for, o
costume do afeto. Palavras bonitas não aprisionam mulheres. Nem fazem delas
passivas. Mulheres gritam sem som e com som, a depender dos ouvidos e dos
motivos. São elas, as mulheres, que costuram histórias como se fossem longos
vestidos sem avesso. Ponto por ponto, tecem a tímida liberdade do cotidiano. E
do contínuo. Mulheres são plurais no prazer e na prosa. Falam muito mesmo (e de
diversas maneiras). Não se pode esquecer que elas sangram. E que um dia
percebem em silêncio íntimo que não podem mais gerar. Seguem cuidando do sol e
da lua, do mar e da areia. Mulheres se jogam nas águas correntes e são nelas,
nas águas, onde voltam a ser meninas. Meninas são mulheres em composição.
Mulheres não são feministas, são mulheres. Feminismo é resposta. A pergunta
está em elaboração. Não pode ser a vulva o que as define. Há mais e mais e
mais. Homens são mulheres quando da alma feminina. E essa alma é política, e
não abençoada. Uma música pode transformar uma mulher em suicida. Ou em puta. E
as putas são mulheres fodas. Mulheres não são mercadoria. Mulheres não são
bruxas, mas tenha precaução com essa sabedoria que desturva águas e intui
perigos.
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