A existência humana é uma grande insistência.
Insistimos em amar amores de novela, como se todo dia tivesse que acontecer um final feliz pra ser comemorado. Um amor sem contratempos, um amor morno e estável, vivido por personagens hollywoodianos que nunca se aborrecem com mesquinharias da convivência.
Insistimos nos amigos heróis, sempre dispostos a atender e entender nossas súplicas desesperadas. Amigos insuperáveis na capacidade suprema de compreender cada dilema que inventamos.
Insistimos no sonho de dias melhores. Sem tanta miséria, sem tantos limites. Onde cada um pudesse fazer valer seus direitos e ainda ter o domingo livre pra ir ao cinema e jogar futebol. Somos inclusive medíocres em nossa utopia. Nem é muito o que desejamos. E mesmo assim, a cada instante, parece que tudo vai nos fugindo por entre os dedos.
Insistimos nesse modelo ditatorial de felicidade, onde todos somos obrigados a compartilhar nossos melhores momentos e a distribuir sorrisos, mesmo quando somos metralhados pelos trançados do cotidiano. Em nome dessa felicidade, menosprezam nossas angústias, não nos deixam em paz pra desfilar nossas desconfianças, como se a barbárie fosse uma resposta natural do progresso, ignoram nossas contradições, como se todos os dias tivessem que ser ensolarados.
E por não insistirmos nessas desconfianças é que não conseguimos, coletivamente, existir.
Insistimos em amar amores de novela, como se todo dia tivesse que acontecer um final feliz pra ser comemorado. Um amor sem contratempos, um amor morno e estável, vivido por personagens hollywoodianos que nunca se aborrecem com mesquinharias da convivência.
Insistimos nos amigos heróis, sempre dispostos a atender e entender nossas súplicas desesperadas. Amigos insuperáveis na capacidade suprema de compreender cada dilema que inventamos.
Insistimos no sonho de dias melhores. Sem tanta miséria, sem tantos limites. Onde cada um pudesse fazer valer seus direitos e ainda ter o domingo livre pra ir ao cinema e jogar futebol. Somos inclusive medíocres em nossa utopia. Nem é muito o que desejamos. E mesmo assim, a cada instante, parece que tudo vai nos fugindo por entre os dedos.
Insistimos nesse modelo ditatorial de felicidade, onde todos somos obrigados a compartilhar nossos melhores momentos e a distribuir sorrisos, mesmo quando somos metralhados pelos trançados do cotidiano. Em nome dessa felicidade, menosprezam nossas angústias, não nos deixam em paz pra desfilar nossas desconfianças, como se a barbárie fosse uma resposta natural do progresso, ignoram nossas contradições, como se todos os dias tivessem que ser ensolarados.
E por não insistirmos nessas desconfianças é que não conseguimos, coletivamente, existir.