aonde vai o olhar até horizontar-se?
precisa ele sair das montanhas e caminhar
deixar que atravesse o sereno e as neblinas
travessia atenta, duradoura
na reta esplêndida, piscar
nada muito demorado
porque há mais caminhada
na saga dos olhos
entre suor e lágrimas
é importante brincar
abrir lentamente um
enquanto o outro, rígido
finge dormir
os olhares obedecem
alguns instintos
e outras abstrações
dizem mais que poemas
são janelas da alma
que nem mesmo vidros molduram
até horizontar-se
o olhar se perde
se acha
se perde
e acha que se achou
perdido no mar
o olhar deriva
de todas as noites
em que ficamos à deriva
esperando respostas
que olhares esguios
nunca trazem
e também se compõe
dos pequenos fragmentos
entre a noite e o dia
é do entardecer
o momento em que
o olhar poente
é mais, é mar