02 junho, 2020


Inútil POEMA inútil

a poesia termina
depois da música
antes do amanhecer
quando não há reticências
ou desejo de resistência
se vai por entre dedos
ainda que atados
se não há força
que a segure ali
vira qualquer coisa
palavras ao vento
rimas toscas
que não lemos
não sobrevive
em terreno árduo
se não regada
em sangue
vira farofa
resseca sentimentos
finge impacto
e não sai de si
poesia não precisa existir
se não for inevitável
a inutilidade
tende a ser
a única virtude
que não morre na poesia
tampouco no amor